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Lições de Philip Kotler para o Novo Marketing

Rafael Rez

Autor do bestseller "Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI". Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Fundador da consultoria de marketing digital Web Estratégica. Além de Empreendedor e Consultor, é Professor de Pós e MBA em diversas instituições de ponta: HSM, FGV, Insper, ESALQ/USP. Em 2016 fundou a Nova Escola de Marketing.

Philip Kotler esteve em São Paulo nesta segunda-feira, dia 1 de junho de 2016, para palestrar no seminário “The Best Of Philip Kotler” sobre os novos desafios do Marketing e os caminhos que devem ser trilhados pelas empresas. Uma das autoridades mais respeitadas na área em todo o mundo, Kotler é conhecido como “o Papa do Marketing” e considerado um profissional muito à frente de seu tempo. Confira algumas dicas do professor para o Marketing do século XXI:

Aposte nas novas mídias e aumente sua presença online

Para Philip Kotler, é inaceitável que uma empresa não tenha presença online. Mas, além disso, é preciso fazer com que todas as mídias (online e off-line) tenham sinergia.

Fique atento ao mobile

Com os smartphones e o crescimento vertiginoso da internet móvel, as pessoas possuem acesso à informação a qualquer momento, tudo na palma da mão e “tomando decisões de compra baseadas naquilo que pesquisam na hora”.

“Os consumidores agora estão no poder, eles sabem muito mais do que você mesmo sobre as companhias… Antigamente, a única coisa que você sabia sobre uma empresa era o que ela te dizia naquele comercial de 30 segundos”. 

Sua marca precisa tocar o espírito das pessoas

No Marketing 1.0, uma propaganda tradicional busca convencer que aquele produto é ideal para as suas necessidades (algo que não funciona tão bem atualmente, devido a uma enorme concorrência). Já o Marketing 2.0 engaja o consumidor e busca um relacionamento duradouro (quase que como um namoro). “No 2.0 você não compra mais pelo que sua mente diz, mas por sua emoção”, explica Kotler, analisando também que o futuro será das empresas que aderirem ao “Marketing 3.0”.

“Pense no consumidor não em termos de alguém que vai comprar seu produto, mas alguém que deseja que o mundo seja um lugar bom para viver. O que você está fazendo para mostrar a ele que se importa?”

Mas como “tocar seus espíritos” e, ao mesmo tempo, causar boa impressão quando essa pessoa procurar informações sobre a sua marca? Kotler diz para criar uma boa história, ressaltando os motivos que fazem do seu produto melhor que os da concorrência, citando como exemplo a marca de frangos norte-americana “Perdue Chicken”. Todos compram a marca porque o fundador (Frank Perdue) tratava as aves de maneira diferente, sem processos maléficos, deixando a carne do frango mais macia.

“Há uma história com a marca, uma história que te toca enquanto os competidores estão apenas dizendo ‘nós vendemos frango”.

Com o Marketing contemporâneo, criar uma relação com o consumidor deve ser mais importante do que apenas vender, pensando sempre em uma forma de que sua marca e o consumidor cresçam juntos.

“Nos dias de hoje apenas vender é estupidez. Seu trabalho não é produzir uma venda, mas criar posse do consumidor… Mudamos do Marketing de transação para o Marketing de relacionamento… Mais e mais empresas estão focando em fazer mais pelo consumidor”.

A maioria das empresas constrói suas relações comerciais baseadas apenas em vender o que o consumidor precisa, “mas há companhias que vendem, por um preço alto, algo que pode ser encontrado em qualquer lugar. E se dão bem”. Para explicar essa tendência, Kotler citou o Starbucks.

“Eles vendem café caro e são bem-sucedidos no Brasil, um dos países com maior produção mundial do grão. Isso é possível com a construção de uma marca. O Starbucks é a segunda casa dos clientes. Lá, tem internet e é confortável. As pessoas gostam disso. Empresários precisam pensar em algo semelhante na hora de promover os seus negócios”.

Valorize o design

Philip Kotler diz que o design de um produto é tão – ou mais – importante que o nome da empresa em si e citou como exemplo a Harley Davidson. Ele revelou que a sua esposa queria uma moto da marca apenas para colocar na sala de estar de sua casa como objeto de decoração. E completou dizendo que a marca cria um universo em torno da marca, com relógios, jaquetas e até barbas para quem quiser incorporar um “estilo de vida”.

Marketing B2B também é Marketing

Segundo o professor, o Marketing B2B e a prestação de serviços são áreas negligenciadas pela maioria dos profissionais do mercado e cita o case “Intel Inside” como exemplo. Com essa campanha, a multinacional de tecnologia praticamente obriga os fabricantes a colocarem seus chips em computadores, tablets e smartphones apenas ressaltando o selo junto de seus produtos como se fosse um ingrediente mágico.

“Só falamos de produtos físicos… Queria que nossos estudantes tivessem mais excitação sobre o mundo B2B”

Qualquer produto “invisível” que buscasse uma campanha mais agressiva poderia virar uma nova Intel. Outro exemplo citado por Kotler foi o carro, com suas centenas de peças e cada uma delas feita por empresas diferentes.

Lojas físicas terão de repensar sua razão de ser

Se você possui uma loja física é preciso alinhar a sua logística num processo de produção que envolva compras online. Não significa que elas vão desaparecer, mas que precisam achar uma razão mais convincente para existir. Philip Kotler cita as lojas Ikea como exemplo, dizendo que podemos perder um dia todo numa daquelas lojas.

“Minha esposa não compra de lojas físicas, ela acha mais fácil comprar online… Uma alternativa é transformar as lojas numa experiência”.

Obedeça ao funil de vendas

Philip Kotler diz que um funil de vendas perfeito possui seis etapas (prospectar os clientes, entender as necessidades do público-alvo, desenvolver soluções, fazer a proposta, negociar os contratos e fechar a venda, respectivamente) e afirma que as três primeiras deveriam ser feitas pelo Marketing, enquanto outras três são feitas pelo departamento de vendas, desde que a empresa tenha esses profissionais. Assim, cada passo é tomado por quem sabe o que está fazendo.

“O Marketing é responsável pela criatividade e pelas estratégias apropriadas para chegar ao cliente, enquanto a execução fica com o pessoal de vendas”.

Além disso, é papel do profissional de Marketing ser um representante dos clientes, visto que “uma decisão que não contempla a satisfação do consumidor tem tudo para ser equivocada”.

“A Apple, por exemplo, deixa uma cadeira vazia nas reuniões de diretores. Ela representa, simbolicamente, o consumidor. Pergunte a um applemaníaco sobre os pontos positivos da empresa. Ele provavelmente vai falar do cuidado da empresa em ser uma amiga dos clientes”.

Valorize o ócio de um profissional de Marketing

“Planejamento estratégico é importante, mas não deve se sobrepor ao processo criativo…. O marketeiro precisa de tempo para pensar e conceber as melhores ideias”.

O Marketing deve ter uma relação com todos os departamentos

Para que o Marketing se integre a todos os departamentos da empresa, deve-se apresentar e defender o que é feito pelo setor. Todos devem entender que o investimento em estratégias de Marketing não é um desperdício.

“O Marketing não pode ser visto apenas como um setor. Na verdade, esse setor deve funcionar como uma força de papel decisivo para o sucesso de um negócio… Seja amigo de todos. Almoce com o pessoal do financeiro, que toma conta do dinheiro e deve enxergar o seu trabalho com mais ressalvas. Explique as suas atividades e mostre a sua importância”.

CONCLUSÃO

Segundo Philip Kotler, o objetivo das empresas é (e sempre será) satisfazer aos seus clientes, mas que os meios de se buscar isso estão em constante aprimoramento. Nos últimos anos, as mídias sociais e o Marketing 2.0 abriram uma infinidade de possibilidades para alavancar o alcance das ações, bastando apenas que os profissionais saibam explorá-las da melhor forma, sempre com o foco nas pessoas, em gerar soluções para elas.

“Se eu começasse hoje, como entramos na Era Digital, iria me dedicar às mídias digitais”.

Além disso, “o Papa do Marketing” nos ensina a sempre testar as novas ferramentas, nos adaptar aos novos cenários, a sermos sociais, sociáveis e proativos. Philip Kotler é um entusiasta! Um louco que, como poucos, desconhecem o significado da expressão “Zona de Conforto” e que dedicam as suas vidas a sempre explorar novas possibilidades.

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