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9 tendências e comportamentos para esperar em 2020

Rafael Rez

Autor do bestseller "Marketing de Conteúdo: A Moeda do Século XXI". Possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Fundador da consultoria de marketing digital Web Estratégica. Além de Empreendedor e Consultor, é Professor de Pós e MBA em diversas instituições de ponta: HSM, FGV, Insper, ESALQ/USP. Em 2016 fundou a Nova Escola de Marketing.

Eu mesmo sou um crítico dos artigos sobre tendências, essencialmente quando eles seguem a linha da adivinhação estilo Mãe Dináh: “O que vai bombar em 2020!”.

Não é minha linha de pensamento e sinceramente não leva a nada. A idéia central aqui é analisar comportamentos que vem ganhando tração e que tendem a continuar tendo grande dimensão este ano.

1.    Produtos de assinatura e micro assinatura ganharão ainda mais força

Eu sei, é óbvio que sim. A questão é o como!

O importante aqui é entender que o bolo do Streaming continuará crescendo, mas haverá também uma maior migração de assinantes entre plataformas similares.

Alguns usuários que assinam TV a Cabo e também assinam Netflix passarão a assinar a Disney e o Play Plus e abrirão mão da TV a Cabo, enquanto outros assinarão HBO Go e cancelarão a Netflix.

Como a quantidade de serviços por assinatura cresce mas o bolso do consumidor é limitado, a tendência de rodízio dessa receita é ser cada vez mais rápida.

Surgem também vários serviços de microassinaturas (com preços iguais ou abaixo de R$ 9,9), o que torna não só o bolso mas também a atenção dos assinantes extremamente escassa. Quanto mais informação disponível, menor a atenção dedicada.

O mercado como um todo crescerá, mas a dança das cadeiras ficará maior entre os produtos.

2.    O Instagram começará a perder espaço para outras redes

Muitos colegas profissionais não acreditam nisso, mas já há uma migração de influenciadores e criadores de conteúdo para outros canais. Youtube e Telegram tem sido os preferidos.

Como o alcance orgânico, os likes e o engajamento no Instagram estão caindo consistentemente, muitos criadores já migraram parte de suas audiências para grupos no Telegram e outros estão focando em Lives no Youtube ao invés do Instagram.

A grande vantagem do Instagram era a notificação “fulano está ao vivo”, porém conforme mais criadores adotaram a ferramenta, menos usuários continuaram prestando atenção e agora estas notificações surtem bem menos efeito.

Hoje o Instagram ainda é o sonho de consumo principal quando se trata de Redes Sociais, mas o alerta vermelho já soou para quem cria conteúdo e para as marcas também.

3.    A LGPD não vai dar em nada no Brasil

Quem navega em sites europeus já se acostumou a aceitar os cookies na primeira visita e dar a autorização para uso dos dados, muitas vezes sem nem ler os termos (sim, eu sei, ninguém lê mesmo). A realidade é essa: a imensa maioria das pessoas não está nem aí para a Privacidade e para o uso de seus dados. E mesmo que esteja, ou aceita os termos ou não acessa o site.

Enquanto correm boatos sobre a LGPD ser adiada no Brasil, o Google avisou que seu navegador Chrome não permitirá mais o uso de dados dos cookies, seguindo o que Safari e Firefox já fizeram. O Chrome tem 69% dos acessos via desktop e 40% via mobile, o que criará um grande impacto na forma como a internet funciona hoje.

Ruim para o pessoal de marketing, bom para os usuários.

No lugar dos cookies o Google anunciou o Privacy Sandbox, uma solução que mais uma vez acabará centralizando dados de usuários nas mãos do gigante das buscas.

De forma generalizada, dá para dizer que sem os cookies boa parte dos problemas de privacidade existem hoje somem, por isso é bem provável que o impacto da LGPD seja pífio. Mas nem tudo se resume a cookies.

Como disse meu sócio Everton Andrade: “é mais sobre as informações que são compartilhadas do que as que são coletadas”.

Já para quem armazena dados sensíveis e de pagamento, a coisa pode continuar complicada. Se a LGPD seguir o caminho do kit de primeiros socorros e da lei do extintor, quem terá gerado o maior impacto esse ano no que diz respeito à privacidade será o Google!

A transparência vem sendo cada vez discutida e exigida por determinados grupos de consumidores, mas não será pela força da lei que ela acontecerá. Há interesses bem mais poderosos agindo.

Enquanto nos EUA teremos ano de eleições e na Europa o cerco se fecha sobre as grandes empresas de tecnologia, no Brasil é bem capaz da coisa acabar ficando para 2021. Infelizmente.

4.    O e-commerce continuará crescendo e afetando o mercado diretamente

Os dados do Webshoppers 40 mostram que 5,3 milhões de brasileiros fizeram sua primeira compra online no primeiro semestre de 2019 e que o Nordeste foi o campeão nas compras online, com faturamento próximo de R$ 15 Bi no primeiro semestre do ano passado.

Enquanto muitas lojas não anunciam no Nordeste para evitar problemas com o custo do frete, a região desponta como principal compradora online, acredito que pela possível menor disponibilidade de itens nas lojas locais.

A concentração de poder mostra que em breve teremos um cenário como o americano, no qual a Amazon representava 48% do e-commerce em 2018 de acordo com os números da eMarketer. O Webshoppers 40 mostrou que os marketplaces são responsáveis por metade das vendas online no Brasil.

Isso afeta diretamente os lojistas físicos, que se veem obrigados a competir com os preços dos vendedores online, perdendo clientes e margens de lucro.

A pesquisa da Lett/Opinion Box mostrou que 52,6% dos consumidores quando estão em uma loja física fazem pesquisas de preços na internet.

O e-commerce dominou até o mercado de delivery, com o crescimento exponencial do iFood e da Rappi.

Comportamentos que ver na loja e comprar no e-commerce, comprar no e-commerce e retirar na loja, comprar online e trocar na loja crescem e tornar a experiência multicanal (ou omnichannel, como gosta o pessoal do condado) cada vez mais relevante e necessária.

5.    O LinkedIn se tornará uma rede social mainstream

Com mais de 660 milhões de usuários no mundo e mais de 40 milhões no Brasil, o LinkedIn finalmente estará entre as 5 redes sociais mais usadas no país. O Brasil, aliás, é o quarto maior país do mundo dentro da rede, atrás apenas para Estados Unidos, Índia e China.

Se antes o LinkedIn perdia até para o Twitter em popularidade, é cada vez mais importante o seu uso diário. Segundo a própria rede social, postar 20x ao mês pode ajudar a atingir até 60% das conexões.

Para quem busca construir redes de relacionamento profissionais, reputação e autoridade profissional, é hora de olhar para o LinkedIn com mais atenção de dedicar um tempo a ele diariamente.

6.    O Pinterest ganhará (uma boa) relevância na Jornada do Cliente

Com mais de 300 milhões de usuários no mundo e um crescimento de receita que beirou os 60% em 2019, o Pinterest vem ganhando mercado e popularidade como um site para colecionar fotos, descobrir tendências e procurar por inspiração. São mais de 38 milhões de usuários só no Brasil.

Pesquisa encomendada pela plataforma à TalkShoppe mostrou que “mais de 91% dos usuários acreditam que o Pinterest é um local positivo, enquanto 9 em 10 usuários dizem que a plataforma é inspiradora, fornece ideias para suas vidas e os ajuda a alcançar seus objetivos.”

Conectando estas sensações com o crescimento do e-commerce, está uma plataforma na qual eu apostaria algumas fichas em 2020!

Dentro da rede ocorrem mais de 2 bilhões de pesquisas todos os meses. São pessoas que estão considerando ativamente o que fazer ou comprar em seguida. Quem perceber isso primeiro e se apoderar desses resultados ganha preferência logo no começo da Jornada do Cliente.

7.    As Lives continuarão dominando a cena

Há uma grande pela qual a televisão sempre deu grande importância ao conteúdo “ao vivo”. Há uma escassez natural desse conteúdo, uma vez que ele tende a não ser repetido. Ou é consumido na hora ou acaba.

Nas redes sociais essa lógica pode ser um pouco diferente, no Youtube é possível deixar o conteúdo disponível para sempre ou torna-lo invisível após a transmissão, no Instagram a transmissão pode ser deixada no ar por 24 horas e no LinkedIn elas podem ficar para a posteridade, como no Youtube.

O fato do conteúdo ser ao vivo gera um engajamento maior, uma vez que o receio de perder o que será dito ali ativa o senso de urgência, gerando o efeito conhecido por FOMO (“fear of missing out”, ou “medo de ficar de fora”).

Influenciadores e criadores de conteúdo tem usado esse recurso com maestria para reter audiência por longas horas, e certamente as Lives continuarão sendo o centro das atenções em 2020.

8.    Podcasts no auge

2019 foi o ano em que o volume de busca pelo termo “podcast” mais do que dobrou no Google, e a curva continua ascendente.

O comportamento é simples de entender: a maior parte da população tem acesso à internet, possui smartphones, além de estar concentrada em grandes centros urbanos. O Brasil possui uma população com 38% de analfabetos funcionais, caracterizando uma grande dificuldade no consumo de conteúdo textual. A soma destes fatores criou as condições perfeitas para este formato de conteúdo explodir.

O Sudeste concentra o maior porcentual de ouvintes do país, e a tendência é que os podcasts se tornem ainda mais disponíveis ao público brasileiro com os alto falantes equipados com assistentes de voz, como o Google Nest e a Amazon Echo. A produção de podcasts cresceu 85% de janeiro a novembro de 2019, segundo a Voxnest.

O crescimento de blogs e sites com o conteúdo transformado em áudio possível de ser escutado e a adesão aos áudio-livros também tem ajudado a familiaridade com o modelo de conteúdo de áudio puro.

Uma sub tendência dentro dos podcasts são os minicasts, conteúdos curtos com poucos minutos que são consumidos via WhatsApp, Telegram ou outros aplicativos.

9.    A humanização do cliente

Neste texto já usei três termos diferentes para falar sobre clientes: usuário, consumidor e cliente.

Há uma forte tendência de humanização do relacionamento entre marcas e clientes, que não passa somente pelo desuso de termos como “usuário” e “consumidor”, mas sim por um amadurecimento dos clientes e um maior nível de exigência deles com as marcas.

A democratização do acesso à informação gradualmente tornou as pessoas mais exigentes, e comportamentos antes invisíveis (como a subcontratação de mão de obra por parte de empresas de moda e tecnologia), o uso de ingredientes genéricos para produção de cerveja barata (como milho) ou a fabricação de veículos fora dos padrões de emissão de gases exigidos agora se tornam escândalos nas redes sociais e afetam as vendas e os resultados das empresas, como as ações da AMBEV.

É consenso entre os melhores profissionais de marketing em todo o mundo que clientecentrismo será o centro das atenções. Nunca foi tão fácil e tão necessário coletar feedbacks e informações de clientes (de forma transparente!) e planejar serviços e produtos que atendem suas necessidades.

Eu apostaria que não só em 2020, mas por toda a próxima década que começará em 2021, o cliente-centrismo será o grande norte das empresas sérias.

Se a sua empresa apostar em humanizar as relações com os clientes, sairá ganhando desde já!

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