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O impacto do COVID-19 no padrão de consumo brasileiro

Felipe Morais

Autor dos livros Planejamento Estratégico Digital (Ed. Somos Educação) e Transformação Digital. Como a inovação digital põe ajudar seus negócios nos próximos anos (Ed. Somos Educação). Professor da ESPM, Universidade Metodista SP, Senac, Faculdade Belas Artes e USP. Sócio-Diretor da FM CONSULTORIA, membro do comitê de marketing da Planet Girls e Adriana Restum Store.

Um estudo da NIELSEN, chamado “impacto da Covid-19 nas vendas de produtos de rir rápido no Brasil e ao redor do mundo” chegou até o meu conhecimento, graças a uma rede de parceiros que a FM CONSULTORIA possui.

Essa pandemia, do Coronavírus, ainda está assustando muitas pessoas e consequentemente as empresas. O mundo não sabe o que fazer, como agir e quando isso vai acabar. Algo é um grande consenso, que esse vírus é muito letal para pessoas em grupo de risco e que nessa hora a vida precisa ser preservada, porém, é preciso entender, que há uma enorme incógnita sobre o que fazer no varejo. Muitos defendem a volta gradativa ao trabalho para a economia não parar, outros, defendem isolamento total para que a vida seja preservada. Cada um, claro, pensando no seu momento.

Independentemente disso, a Nielsen, uma da mais respeitadas empresas de pesquisa do mundo, levantou dados que podem ser interessantes, para que nós, estrategistas, possamos pensar para as marcas no curto espaço de tempo, pois essa pandemia veio, forte, mas ela vai passar!! Abaixo vou colocar alguns pontos, do estudo (Brasil), com meus comentários, sobre cada um.

O que aprendemos?

A pesquisa mostra, que em pandemias como a que estamos vivendo graças ao vírus chinês fazem o brasileiro se preocupar mais com a saúde. Sabemos que o brasileiro se preocupa com alguns pontos, como saúde, só quando algo sério ocorre. Medicamentos vão se tornar itens primários na lista de abastecimento de novos padrões de consumo, no período da pandemia. Dispensa se torna secundário, onde as pessoas se preparam para distanciamento social e vida restrita. As compras do mês, que nas décadas de 80 e 90 era padrão deverá voltar para evitar que as pessoas saiam as ruas.

O home office, que para muitos era um grande obstáculo, começa a ganhar força. O que eu mais ouço das pessoas é “nossa, trabalho muito mais em casa do que na empresa…” as reuniões, por plataformas online, como Skype, Teams ou Hangout tendem a ser mais produtivas, uma vez, que elas são mais diretas. Qual será a desculpa das empresas, agora, para evitar o Home Office? Algumas já testam liberar de 1 a 2 dias do funcionário para isso, as pessoas se adaptaram rapidamente. Fora, que para as grandes cidades, onde as pessoas demoram 2h para ir e voltar ao trabalho, é um ganho de tempo. Na loucura do dia a dia, mais pais e mães poderão passar mais tempo com seus filhos, tendo uma vida com mais qualidade, e sem dúvida, produzindo ainda mais!

O que mudará?

Segundo o estudo, essa pandemia poderá elevar a busca por produtos de manutenção da saúde e bem-estar. Se a sua área de atuação está ligada ao enorme leque que fica de baixo do conceito “qualidade de vida” se prepare, pois a demanda está cada dia – de pandemia – mais reprimida e quando acabar, a barreira vai estourar. Imagine aquela represa que a barragem estoura e milhões de litros de água vão para cima de uma cidade, pois é, essa cidade chama-se “qualidade de vida”. Outros pontos do estudo mostram que o armazenamento de alimentos ligados a saúde será crescente. Mais um ponto para a famosa “qualidade de vida” que todos buscam e que agora, com a tensão gerada pelo Covid-19 será potencializada.

Outro ponto, que a Nielsen aponta é para o e-commerce. Sabe aquele seu cliente que nunca deu bola para o e-commerce, aquele que fechou ou o que tinha só para dizer que tem? Então, esses perderão mercado na pandemia, e mais ainda depois, quando o mercado voltar. Será um salto para as compras online, e há a tendência de menos visitas as lojas físicas. Se os shoppings já estavam sofrendo antes da pandemia, agora, sofrerão ainda mais.

Vai demorar um pouco até que a cabeça das pessoas entenda que o vírus está totalmente controlado e as pessoas voltarem ao normal, que vão há locais de grande aglomeração, como Shoppings, por exemplo. Nesse momento, o mercado estipula que Setembro volte tudo ao normal, eu, sinceramente, espero que seja antes!

A perspectiva do estudo é que os preços devem aumentar, isso é fato, pois esse prejuízo que o varejo tem hoje, com tudo fechado, alguém vai pagar na frente, porém, o e-commerce pode ser um balizador de preços, se mantendo fiel ao que está sendo ofertado no momento da crise. Marcas que conseguirem fazer isso, deverão ter uma percepção melhor e recuperar o prejuízo em um prazo maior, porém, com mais fidelidade.

O que cresceu?

“O dinheiro não some, ele só muda de mãos”, já diz Geraldo Rufino (Presidente do conselho da JR Diesel). Comparando os períodos de 23/02 a 01/03 versus 01/03 a 08/03 (estudo foi concluído em 10/03), em 2020, as categorias Commodities e Higiene e Beleza, venderam entre 01 a 08 o dobro do que o período anterior, porém, itens como Mercearia, Medicamentos e perecíveis industrializados cresceram até 7 vezes mais.

Segundo estudos do mercado de e-commerce, desde o começo de Março, no geral, as vendas do e-commerce cresceram 40%, claro, para aquelas empresas que estão se preparando há tempos para ter um e-commerce como uma unidade de negócios e não apenas um site para dizer que tem. As empresas que nem e-commerce tem, essas, eu apenas espero que agora abram os olhos para algo que acontece a quase 20 anos no Brasil e só você que não entendeu ainda! Deixe que mais Netshoes surjam no espaço de World Tennis, por exemplo!

E agora?

Segundo o estudo o consumo de produtos em casa, poderá ser um problema para os restaurantes. Quando a pandemia diminuir, a demanda será grande, pessoas querendo se sentir livres vão, sem dúvida, sair para o restaurante preferido, a pizza de sábado à noite, mas o consumo em casa com a família tende a ser priorizado no curto espaço, quando a euforia da liberdade virar algo comum, quando se tornar comum, de novo, poder sair a qualquer momento.

Hábitos de saúde, qualidade de vida e bem-estar tendem a estar mais inseridos na vida das pessoas, como uma proteção para outras pandemias, que virão, isso é fato. Por isso, empresas desse segmento tem um oceano azul a sua disposição, basta saber como trabalhar, pois é preciso ser relevante para não ser mais do mesmo, lembrando que há mercado para todas, sem dúvida, mas Nestlé e Unilever tendem, como sempre, a dominar ainda mais o mercado, mesmo com as campanhas do revendedor/fabricante local. Confiança de marca é tudo!

Online vem com tudo

No Brasil muita coisa demora para acontecer, porém, é preciso entender que essa pandemia deve ter deixado os gestores um tanto zonzos, o que por um lado é bom, pois agora vão olhar com outros olhos para o online. Deixará de ser post em Facebook, em e-book no RDStation ou contratar o influenciador da moda, para ser pensado como uma estratégia consistente.

O Covid-19 é apenas mais um item que muda o comportamento das pessoas, que está mudando de geração para geração graças a tecnologia. Nesse momento, de pânico, onde as pessoas recorrem para saber mais, para se relacionar e trabalhar? Na tecnologia!

O planejamento com foco no digital ganhará forças dentro das empresas. Se não ganhar , me desculpe, mas o gestor não aprendeu nada com essa pandemia! E quem perde é a marca, pois o mercado vem fortalecido!

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